Nas eleições de 1970, Pernambuco disputava duas vagas para o Senado. Pelo MDB, os então senadores José Ermírio de Moraes e Francisco Pessoa de Queiroz buscavam a reeleição, enquanto a Arena lançou o ex-governador Paulo Guerra e o empresário Wilson Campos, figura emblemática do Clube Náutico Capibaribe.
A disputa tomou um rumo inesperado a poucos dias da convenção do MDB. O senador Francisco Pessoa de Queiroz, aos 79 anos, anunciou sua desistência da candidatura, alegando que deixaria a vida pública. Com isso, o ex-prefeito de Caruaru e então deputado federal João Lyra Filho foi apontado como o provável substituto. No entanto, poucas horas antes da convenção, ficou decidido que José Ermírio de Moraes seria o único candidato do partido.
O resultado das eleições consolidou a vitória da Arena, com Paulo Guerra eleito com 488.250 votos e Wilson Campos com 421.623 votos. José Ermírio de Moraes ficou em terceiro lugar, com 361.540 votos. À época, muitos comentavam que, se João Lyra Filho tivesse sido candidato, o MDB poderia ter conquistado uma das cadeiras no Senado, José Ermírio de Moraes teria sido eleito.
José Ermírio de Moraes, que já enfrentava problemas de saúde, realizou uma intensa agenda de campanha, incluindo um comício em Arcoverde e visitas a diversas cidades do Sertão. Pouco depois, precisou retornar às pressas ao Recife devido ao agravamento de seu estado de saúde. Três anos depois, veio a falecer.
O mandato dos senadores eleitos também teve reviravoltas. Paulo Guerra faleceu no exercício do cargo, sendo substituído pelo suplente Murilo Paraíso. Já Wilson Campos não concluiu seu mandato, tendo sido cassado pelo AI-5 durante o governo do presidente Ernesto Geisel.
A eleição de 1970, marcada por reviravoltas e articulações políticas, segue sendo um episódio lembrado na história política de Pernambuco.