Severino Rodrigues Sobrinho, mais conhecido como Chico do Leite, ocupava simultaneamente os cargos de vice-prefeito de Caruaru e vereador em 1963. Além disso, era suplente de deputado estadual. No entanto, poucos dias após tomar posse, rompeu politicamente com o então prefeito Drayton Nejaim.

Com a eclosão do Golpe Militar de 1964, Chico do Leite teve seu mandato cassado pela Câmara Municipal, mas conseguiu recuperar seus direitos políticos na Justiça. No entanto, com a decretação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), em 1968, surgiram rumores de que Drayton Nejaim teria influenciado os militares para garantir sua nova cassação.

Drayton Nejaim era considerado o principal líder civil da Revolução em Caruaru. Durante os eventos de 1964, permaneceu por 24 horas na Prefeitura, armado e acompanhado por aliados, transmitindo discursos pela Rádio Cultura. Suas falas eram marcadas pelo apoio irrestrito aos militares e ataques àqueles que considerava comunistas.

Diante da ameaça de perda de seus direitos políticos, Chico do Leite procurou a imprensa no Recife e desafiou as Forças Armadas a investigarem toda a sua trajetória, desde sua infância até a vida pública. Ele garantiu que, caso fosse provado que tinha ligações com o comunismo, renunciaria aos seus três mandatos.

O escritor Gilberto Freyre saiu em sua defesa, publicando um artigo em que solicitava às Forças Armadas que dessem a Chico do Leite o direito de ser ouvido. Apesar disso, poucos dias depois, sem qualquer apuração formal, veio o veredicto pelo programa “A Voz do Brasil”: “Chico do Leite foi cassado pelo AI-5.”

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