Em janeiro de 1956, pouco antes da posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek, o Brasil viveu um clima de instabilidade política. Setores militares tentaram impedir a posse de JK, sob o argumento de que ele não havia obtido mais de 50% dos votos — apesar de a legislação eleitoral da época determinar que venceria o candidato mais votado, independentemente do percentual.

No contexto das tensões políticas, em Caruaru, estudantes e comerciantes organizaram um abaixo-assinado para arrecadar ajuda financeira destinada às famílias de comunistas presos, que enfrentavam dificuldades para se alimentar.

No dia 23 de janeiro de 1956, em represália à campanha solidária, sete pessoas foram detidas pelo Exército no quartel da 22ª Circunscrição de Serviço Militar (22ª CSM) e, posteriormente, encaminhadas à Secretaria de Segurança, localizada na Rua da Aurora, no Recife. Entre os presos estavam o comerciante Abdias Lé, o radialista Aluízio Falcão, o artista plástico Fernando Florêncio, o comerciante Ernesto do Colchão, o sargento reformado do Exército Cordeiro, e os estudantes Chico Santino e Assis Claudino, conhecido como Cici.

As condições da prisão foram extremamente precárias: os detidos ficaram incomunicáveis por seis dias, alimentando-se apenas de pão e água, trajando apenas roupas íntimas, dormindo no chão sujo e misturados com criminosos comuns, como ladrões e assassinos. Nem mesmo papel para forrar o chão lhes foi disponibilizado.

A notícia da prisão gerou repercussão e chegou à Assembleia Legislativa de Pernambuco. O deputado estadual Drayton Nejaim visitou os presos e manifestou solidariedade. Já o deputado estadual Tabosa de Almeida intercedeu junto aos militares e conseguiu a libertação do grupo.

Apesar da liberdade, as consequências para os envolvidos foram duradouras. Em suas folhas corridas (certidões de antecedentes criminais), passou a constar a anotação: “Preso em 1956 por participação em atividade subversiva”.

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