O caruaruense Manoel Messias da Silva, então delegado assistente de Caruaru durante o governo de Miguel Arraes de Alencar, foi uma das vítimas da repressão instaurada após o golpe militar de 1964.
Com a instauração do regime, Manoel Messias fugiu para o Recife, mas acabou sendo preso em 10 de maio de 1964. Inicialmente detido no IV Exército, foi transferido no mesmo dia para sua cidade natal, onde prestou depoimento na 22ª Circunscrição de Recrutamento Militar. O responsável pelo interrogatório foi o capitão Jorge Cabral Gondin, encarregado do Inquérito Policial Militar (IPM).
Após ser ouvido, Messias foi colocado em uma cela isolada, ficando incomunicável. Ele permaneceu sem roupas adequadas, mal alimentado e submetido a condições precárias de higiene. Além disso, sofreu sessões de interrogatórios durante altas horas da noite, sendo torturado e ameaçado de fuzilamento. Entre as violências sofridas, os militares rasparam sua cabeça e, usando uma pinça, arrancaram suas sobrancelhas e cílios, não deixando um único fio.
Manoel Messias da Silva era suplente de vereador em Caruaru, cargo do qual foi cassado pela Câmara Municipal após sua prisão. Em 2014, quando o golpe militar completou 50 anos, ele relatou suas memórias desse período em entrevista à Rádio Cultura do Nordeste, concedida ao repórter Tavares Neto.
O episódio também está documentado no livro Confidencial: Documentos Secretos da Ditadura Militar, do escritor Hiram Fernandes, que conta com prefácio do ex-governador Eduardo Campos.
Manoel Messias da Silva foi uma figura de destaque na militância de esquerda em Caruaru e na região. Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi a organização de um comício de solidariedade a Cuba, realizado na Rua da Matriz, no centro de Caruaru, em 1961.