Em 1964, durante o período de intensa repressão política no Brasil, um jovem esquerdista de Caruaru, Francisco de Assis Claudino, conhecido como Cici, foi preso pelo Exército no quartel da 22ª CSM de Caruaru. Ele foi acusado de ser comunista e de planejar envenenar o reservatório de água do Monte Bom Jesus, o que teria causado uma tragédia na cidade.
Cici, intelectual reconhecido em Caruaru, negou qualquer intenção criminosa, alegando que jamais faria algo do tipo, pois seus pais, irmãos e sua noiva também seriam afetados. Ele era conhecido por sua trajetória pacata e chegou a atuar como coroinha na Igreja Católica. Nenhuma prova concreta foi apresentada contra ele, e, após um período de detenção, acabou sendo libertado. No entanto, a acusação manchou sua reputação, e ele passou a ser conhecido como “comunista” em meio à perseguição política da época. Desempregado, conseguiu se manter graças a um emprego na Rodoviária Caruaruense, pertencente à família Lyra.
Outro nome atingido pela repressão foi o advogado Arsênio Martins Gomes, preso sob a mesma acusação de comunismo por ter participado de um comício em solidariedade a Cuba e ao líder Fidel Castro. Após sua soltura, ele também enfrentou dificuldades e acabou sendo empregado na empresa dos Lyra.
O ator e compositor Carlos Fernando, também identificado como comunista, precisou se esconder na casa de Fernando Lyra, no Recife, assim que o Golpe Militar se consolidou. Na época, Fernando Lyra ainda não tinha ingressado na vida pública, mas já exercia influência em meio aos opositores do regime.
Arsênio Martins Gomes e Carlos Fernando são hoje figuras de saudosa memória. Já Cici, que sobreviveu a esse período turbulento, continua morando em Caruaru e atualmente tem 91 anos.