Em seu livro O Evangelho com Dom Hélder, o arcebispo narra um episódio marcante ocorrido em Recife, durante o período da Ditadura Militar. Ao retornar para sua residência, encontrou na entrada de sua casa um grande sapo, cuja boca havia sido costurada. Esse ato, segundo os simbolismos associados a práticas de macumba, representava um desejo de morte direcionado a ele.

“Fiquei com pena do sapo”, relatou Dom Hélder. “Apanhei-o com cuidado, descosturei sua boca e o devolvi à liberdade na natureza.”

Dom Hélder, conhecido por sua coragem e compromisso com a justiça social, preferiu não se aprofundar no episódio. Contudo, mencionou um aspecto importante em sua reflexão: “Deixei isso para lá porque, nos cultos afro-brasileiros, há mães de santo que oram por mim.”

O episódio do sapo simboliza não apenas a tentativa de intimidá-lo, mas também sua visão de mundo baseada no amor ao próximo e na compreensão, independentemente de crenças ou diferenças religiosas. A atitude de Dom Hélder ao libertar o sapo, em vez de ceder ao medo, reflete sua prática de viver o Evangelho em gestos concretos de misericórdia e compaixão.

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