Lula sempre sonhou em ter um terno com colete. Djalma Bom, parceiro de Lula nas campanhas sindicais, recorda o impacto de ver o líder dos metalúrgicos trajado de forma tão diferente.
“Ele comprou um terno a prestação na cooperativa da fábrica. Era um terno com colete. Um dia, apareceu no Sindicato usando a roupa nova, e o pessoal estranhou, principalmente por causa do colete claro. O tchan era o colete”, relembra Djalma.
Para um menino pobre de Caetés, Pernambuco, apenas o terno não bastava. O colete simbolizava algo maior: um indício de que ele nunca se contentaria com o quase. Tudo tinha de ser completo, o oposto da miséria que sua família enfrentou.
A Viagem a Brasília e um Presságio
Na época da ditadura militar, com sindicalistas sendo enquadrados na Lei de Segurança Nacional, Lula e outros líderes operários alugaram um ônibus para acompanhar de perto os desdobramentos da repressão ao movimento sindical. Algumas mulheres seguiram viagem com seus maridos, entre elas, Marisa, esposa de Lula.
Em Brasília, aproveitaram para conhecer a cidade: os palácios da Alvorada e do Planalto, os Ministérios, o Congresso Nacional e a Catedral. Era o cenário do poder, a moldura daqueles que comandavam o país.
Djalma Bom, que também estava na viagem, percebeu a atenção de Lula e Marisa durante o passeio. No final do dia, lembra-se bem do que Marisa disse ao marido:
“Ó, Lula, sabe de uma coisa? Por mais que você possa sonhar em ser presidente do Brasil, essas pessoas que moram aqui, essas pessoas dificilmente vão permitir que você chegue lá.”
O fato está registrado no livro Me Leva Brasil: A fantástica gente de todos os cantos do país, de Maurício Kubrusly.