Em 9 de março de 1971, a Igreja Presbiteriana de Caruaru promoveu um julgamento inusitado: a música Jesus Cristo, do cantor e compositor Roberto Carlos, foi analisada por um júri interno sob a alegação de que o artista não teria conduta adequada para interpretar uma canção religiosa.

O caso veio à tona após o estudante Josimar Henrique da Silva, representante do Departamento da Juventude da Igreja, procurar o pastor Silas Alexandrino para expressar sua preocupação. Segundo Josimar, Roberto Carlos, conhecido como o “Rei da Juventude”, não estava alinhado aos princípios da fé cristã e não teria composto a música com o objetivo de louvar a Deus.

A sessão contou com um corpo de jurados formado por 14 membros da Igreja, que, ao final do julgamento, condenaram a canção e sua interpretação por Roberto Carlos. O episódio ganhou grande repercussão na época, especialmente porque Jesus Cristo era a música mais tocada e vendida em Caruaru naquele período.

A notícia foi manchete no Diário de Pernambuco, levando à venda de todos os exemplares do jornal na cidade. Paralelamente, a Rádio Cultura do Nordeste abriu espaço para o debate público, transmitindo opiniões divididas entre críticas e elogios ao cantor.

Curiosamente, Josimar Henrique da Silva, protagonista da denúncia, tornou-se anos depois um empresário de sucesso, fundando a Hebron, uma importante empresa do ramo farmacêutico em Caruaru. O pastor Silas Alexandrino e Josimar Henrique, ambos já falecidos, deixaram suas marcas na história desse episódio singular da cultura local.

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